segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Contracultura e Indústria Cultural

A contracultura é um fenômeno que está intimamente ligado à industria cultural. Produção de bens culturais seguindo a lógica capitalista de buscar o lucro foi invenção norte-americana. A produção destes bens era feita em escala continental, buscando a padronização de todos e nivelando igualmente o gosto e a opinião pública. Uma cultura média para a vasta classe média ianque.

Os Estados Unidos da América usavam os avanços na comunicação com objetivo de gerar lucro. Assim, rádio e televisão desde cedo vendiam produtos. As músicas tocadas no rádio vendiam mais com a técnica do “hit parade”, criando sucessos instantâneos e muitas vezes único na carreira de um artista. As novelas vendiam marcas de sabão para donas de casa e por isso são chamadas até hoje de “Soap Operas”.

Apesar de buscar a padronização do gosto, buscando sempre agradar a maioria, a industria cultural norte-americana segmentava o público e incluía no mercado consumidor minorias tais como jovens e mulheres. Estas minorias nunca mais deixariam de ser uma fatia disputada dos consumidores. Essas minorias, assim como o resto da nação passou a sempre demandar bens culturais.

A industria cultural ajudou a propagar na sociedade norte-americana valores urbano-industriais e serviu para aumentar uma forte identidade nacional. Integrando toda a população nas transmissões de costa a costa, com jingles e todo tipo de bem cultural; além de várias maravilhas modernas. Integrou no desejo consumidor, a mentalidade capitalista, o American Way of Life.

A juventude que cresceu bombardeada por variados bens simbólicos. Consumindo desde cedo seriados de tv, desenhos animados e música no rádio, essa juventude subverteu os meios de comunicação para aplicar outros valores à sociedade. Não mudaram o mundo, pois eram minoria, em quantidade e poder político.

Mainstream

Vamos imaginar a cultura de massa como a correnteza de um rio, despejando bens simbólicos em todos os consumidores, impondo autoritariamente valores e uma cultura. É o Mainstream, a corrente central. Paralelamente a esta corrente existe uma contra corrente criticando os valores da primeira.

Paralelamente, pela localização desta contra-corrente cultural: a margem. Seus valores são marginalizados pela sociedade em geral. Não à toa, afinal, grande parte dos esforços da contracultura foram concentrados em criticar toda a sociedade estabelecida. Os agentes da contracultura são Outsiders.

“Apesar da fraude e da leviandade que embaraçam seus contornos uma nova cultura esta realmente surgindo entre nossa juventude (...) uma cultura tão radicalmente dissociada dos pressupostos básicos da nossa sociedade que muitas pessoas nem sequer a consideram uma cultura, e sim uma invasão bárbara de aspecto alarmante.” - Theodore Roszack - A Contracultura, 1972

Os primeiros escritores de contracultura eram membros do que ficou conhecido como movimento Beat ou Beat Generation. Allen Ginsberg, Jack Kerouac, Neil Cassidy, e Lawrence Ferlinghetti criticaram a sociedade norte-americana em seus livros e também pelo próprio estilo de vida. Muitos dos livros da contracultura viraram, paradoxalmente, Best Sellers.

Robert Crumb

O artista Robert Crumb conseguiu fama com suas historias em quadrinhos. Durante os anos 60 e 70, o quadrinista foi uma das principais vozes da contracultura. As HQs de Crumb criticavam a sociedade, questionavam valores e faziam muita gente rir.

Robert não é o típico produto de uma infância consumindo bens simbólicos de massa. Desenhos animados e comics eram tudo que importa para Crumb, quando criança. Cresceu imerso na cultura de massa norte-americana e transformou alienação em crítica. Não é todo mundo que consegue, mas Crumb ousou e foi mais longe. Usou um produto típico da indústria cultural, o comic book (inventado para ajudar na venda cereais), para propagar sua feroz crítica.

2 comentários:

Bruno Cave disse...

Este foi o primeiro texto escrito por mim sobre contracultura, em 2004. Depois veio toda uma monografia ...

Bruno Cave disse...

Leia minha monografia completa em contraculturabrasil.blogspot.com.br