sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Sete mistura fantasia e humor negro

O texto escrito por Charles Moëller para Sete: O Musical começa transportando a personagem Branca de Neve e outros contos infantis para o Rio Antigo. Neste ambiente cheio de charme, sete mulheres lutam contra o destino. Porém, não pense se tratar de uma peça infantil. A trama é adulta, repleta com um clima de sensualidade, morbidez e feitiçaria; mas sem perder o bom humor. O texto inédito, também foi dirigido, e bem, por Moëller; que criou belas imagens cênicas. É um musical autêntico com gosto de brasilidade e cheiro salgado de carioca, como num conto de João do Rio.

A superprodução de vários patrocinadores está evidente em vários aspectos do espetáculo: o cenário realista de Rogério Falcão, incluindo folhas e árvores com perfeita aparência de real, enchendo o grande palco do Teatro João Caetano; a iluminação de Paulo César Medeiros favorecendo belos tons de azul e amarelo; os figurinos capazes de dar a impressão de estar em 1900; e o som impecável de Marcelo Claret.

O trabalho realizado por Ed Motta e Cláudio Botelho merece um capítulo à parte. A música de Motta envolve o espectador num clima de delírio, enquanto as letras de Botelho encaixam-se na trama e na música; proporcionando bastante emoção. Principalmente por alterar temas românticos com humor negro. As duas horas e meia de espetáculo (com intervalo) transcorrem tranqüilamente e, ao final do musical, o espectador dificilmente não está envolvido com o mistério criado sem pressa.

A performance dos atores privilegiou a cantoria, como é de se esperar num musical, mas não parou por aí e mostrou interpretações poderosas e sinceras. Alessandara Maestrini, Zézé Motta e Ida Gomes foram responsáveis pelos momentos mais emocionantes mais emocionantes. A personagem criada por Maestrini, Amélia, conseguiu a difícil tarefa de conquistar ao mesmo tempo a simpatia e o ódio da platéia. Carmem, a poderosa feiticeira interpretada por Zézé Motta, seduz e tenta com maestria. Ida Gomes tece o mistério do espetáculo com habilidade e cuidado, instigando o público a adivinhar seu nome.

Sem dúvida é um bom espetáculo. Recursos foram bem empenhados; resultando num lazer muito agradável e numa bela obra de arte.

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